Em debate realizado na Câmara na última segunda-feira (17), educador Cesar Callegari põe em questão as condições de trabalho do educador no Brasil
“A gente critica muito, mas temos que ver o que tá acontecendo na política para poder falar alguma coisa”, coloca o mecânico Sidney Abraão, membro Partido Socialista Brasileiro (PSB). Militante do partido desde outubro de 2009, ele é um dos 250 militantes presentes no debate “Políticas públicas para educação”, realizado na última segunda-feira (18) na Câmara Municipal de São Paulo, que trouxe como palestrante o educador Cesar Callegari, e que foi mediado pelo vereador Eliseu Gabriel (PSC).
O debate teve como objetivo discutir a políticas para educação pública nos últimos anos, bem como estimular propostas para o Plano Municipal de Educação, projeto de lei ainda em discussão que estabelece metas e responsabilidades para a educação pública no município de São Paulo para até 2018.
Iniciado com atraso de quase duas horas, o debate trouxe como convidado César Callegari, que, logo ao começar, afirmou que “o que compromete nossa cidade é a nossa qualidade em matéria de educação”. E para reforçar seu argumento, o sociólogo, professor e Presidente da Câmara de Educação Básica (ligado ao Conselho Nacional de Educação), citou dados relativos a investimentos por aluno no mundo ao ano (Finlândia, 8 mil US$; Alemanha, 4 mil US$), comparando-os com o do Brasil (1, 02 US$). E, indo mais fundo, ele compara também o piso salarial de outras profissões (engenheiro, R$ 4.700; juiz, R$ 2.000) com o do professor (R$ 1.100).
“É de propóóósito”, diz ele sobre o descaso com a educação, argumentando que “a exclusão educacional é a arma da elite dominante para a manutenção da estrutura social”.
Sobre a docência no ensino público, ele afirma que “as condições pelas quais se exercem o magistério no ensino público são muito precárias”. Algo com o que as educadoras (que não puderam se identificar devido a restrições do governo), B. S., 30, e A. C. R, 30, que atuam há 10 anos na educação infantil não só concordam (“as condições de trabalho precisam melhorar”, diz B.S.), como também acrescenta que os investimentos em educação de base ainda estão “aquém do necessário”. Em outras palavras, é o que a educadora e ex-deputada Mariângela de Araújo Gama Duarte, ao dar seu depoimento sobre o tema, falará de uma “educação que deixou de ser sistêmica”.
Alem disso, o educador, citando o exemplo das escolas-padrão, coloca como indispensável que a escola tenha autonomia para a tomada de decisões.
Callegari ainda prognosticou “daqui seis ou sete anos São Paulo tem condições para ser paradigma em educação, só depende de vontade política”.
Calligardi terminou criticando a falta de estímulo que a escola pública oferece para que os alunos desenvolvam-se nos estudos. “A nossa educação tem que dar mais visibilidade aos alunos que ali estão”. “A escola pública precisa de uma humanização radical”, completa.